domingo, 15 de abril de 2012

Ainda há tempo para plantar a Geografia no coração das pessoas

A Geografia é uma Ciência Humana e, um ponto comum entre todas as Ciências Humanas é a necessidade de conceitua-las e defini-las dentro de um contínuo processo histórico evolutivo, ou seja, acompanhando as mudanças de pensamento, época, hábitos, costumes e etc.

Partindo desta premissa, é possível afirmar a existência de diversas óticas e matrizes, no que diz respeito à ideia de Geografia. As relações entre a sociedade e a natureza e como ocorre a apropriação desta por aquela é uma delas e, indubitavelmente, a que mais nos agrada, por sua ação ampla e interdisciplinar.

No final do Século XVII, inicio e meados do Século XVIII, Filósofos e Pensadores, como por exemplo, Montesquieu, Kant, Goethe e Hegel, buscavam relacionar humanidade e meio ambiente, em outras palavras, sociedade e natureza.

Ainda no século XVIII, com Humboldt e Ritter, a Geografia começa a se estruturar enquanto ciência, tendo a partir de então, métodos de análises e leis.

Segundo Antonio Carlos Robert de Moraes (2007, p. 63), “a obra destes dois autores compõe a base da Geografia Tradicional. Todos os trabalhos posteriores vão se remeter às formulações de Humboldt e Ritter, seja para aceitá-las ou refutá-las”.

A esta altura já era possível sistematizar as relações sociedade e natureza, ou seja, estabelecer conexões entre os fenômenos sociais, culturais, naturais e etc., característicos de cada paisagem. O homem como principal agente de alteração (transformação) do espaço e vice-versa.

A Geografia, através do seu cunho social crítico, tem por objetivo, também, identificar e denunciar os agentes de transformação, bem como seus interesses políticos e econômicos.

Exemplificaremos estas transformações no espaço, através da máxima ‘toda ação gera uma reação’. O que acontece quando um sistema político privilegia uma camada social e negligencia outra? O que acontece quando não há planejamento na elaboração de um plano diretor? O que ocorre quando a sociedade não participa nas decisões políticas? Quem paga o pato? Ou melhor, quem fica com o pato? A resposta para todas as questões acima está na ralação proposta pela Geografia, ou seja, na relação sociedade e natureza e, por conseguinte, o espaço. O espaço e as pessoas pagarão caro por todo e qualquer tipo de ação que ignore todos os campos assegurados pela Geografia. A Geografia, por sua ação interdisciplinar, deveria ser um manual de sobrevivência nos dias atuais.

Consideramos que, a Geografia enquanto Ciência Humana, que lida diretamente com o espaço e com a sociedade, seja em suas relações ou derivações, através da sua ação abrangente e interdisciplinar, por considerar os contextos históricos a qual está inserida e, principalmente, por assumir seu papel intelectual e crítico, constitui-se numa forma de saber privilegiada. Este saber, o Saber Geográfico, está para os dias de hoje, como quiçá a maior ferramenta para o desenvolvimento de um novo pensamento no que diz respeito ao ‘o que queremos para o nosso futuro’, pois é inaceitável considerarmos nosso modelo político, social e econômico atual, como obra prima.

O Saber Geográfico nos proporciona esta visão, na qual, bem difundida, discutida, elaborada e trabalhada, poderá resultar num mundo mais viável para todas as relações nele existentes.

Finalizamos, porém, inquietados e aguçados, com fé e ideais, de que um dia poderemos exercer nosso papel e disseminar nas escolas, cursos profissionalizantes, faculdades, palestras, debates e etc., essa semente positiva chamada Geografia. É o que acreditamos cegamente. Ainda há tempo para plantar a Geografia no coração das pessoas.

Referências Bibliográficas:

MORAES, Antonio Carlos Robert. Geografia: pequena história crítica. 21ª Ed. São Paulo: Annablume, 2007.

TEXTO 1 “A EVOLUÇÃO DA GEOGRAFIA”. Marlene X. dos Santos. São Paulo: Universidade Anhanguera: 2012.

Dé Santa Fé

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